quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Da ANCINE

Em artigo publicado na Folha de São Paulo no Dia do Cinema Nacional, diretor-presidente da ANCINE fala sobre o fortalecimento da economia do audiovisual no Brasil

22/11/10 - Em outubro, o cinema brasileiro alcançou um feito histórico: mais da metade das salas foram ocupadas por filmes nacionais. Esses filmes foram responsáveis por uma participação de público e renda superior a 60%. São números inéditos, que refletem o excelente momento vivido pelo cinema brasileiro. Este fato sinaliza que o nosso cinema é capaz de dialogar com diferentes públicos e que tem potencial para se viabilizar como uma economia sustentável. (...)

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Os cinemas serão construídos pelos Estados ou Municípios com recursos solicitados por emenda parlamentar ao Orçamento da União.

22/11/10
- A ANCINE realizou no dia 10 de novembro, no Anexo III da Câmara dos Deputados, uma apresentação para parlamentares e prefeitos do Projeto CINEMA DA CIDADE, que prevê a construção de salas de exibição em municípios com população entre 20 e 100 mil habitantes. Atualmente há mais de mil cidades brasileiras desse porte sem nenhum cinema em funcionamento. Estiveram presentes no evento os Deputados Chico Alencar (RJ), Chico Lopes (CE), Pedro Wilson (GO), Fátima Bezerra (RN) e Sergio Barradas (BA), além de assessores parlamentares, Prefeitos e Secretários de Cultura de diversas regiões do País.

O Projeto Cinema da Cidade faz parte do CINEMA PERTO DE VOCÊ - Programa Integrado de Expansão do Parque Exibidor, criado para ampliar o mercado interno de cinema e acelerar a implantação de salas em nosso país. Trata-se de uma ação coordenada pelo Ministério da Cultura e pela ANCINE, em parceria com o BNDES e o Ministério da Fazenda. O programa, que foi lançado em junho deste ano, em Luziânia (GO), pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem como meta a abertura de 600 novas salas no país até 2014, sobretudo nas periferias dos centros urbanos, em cidades médias do interior e nas regiões Norte e Nordeste, estimulando empreendimentos privados no setor.

Os cinemas serão construídos pelos Estados ou Municípios com recursos solicitados por emenda parlamentar ao Orçamento da União. A Prefeitura ou o Estado participa cedendo um terreno ou imóvel, e também com a redução de tributos incidentes sobre a operação das salas. A construção terá orientação técnica da ANCINE e acompanhamento do agente financeiro. Para garantir a viabilidade financeira do empreendimento, haverá espaços comerciais e de serviços junto aos cinemas, e as salas de exibição poderão ter seu uso estendido para outras ações educativas ou culturais.

O CINEMA DA CIDADE é um projeto que muda o cotidiano da cidade, contribui para a geração de empregos e proporciona maior qualidade de vida aos cidadãos. As salas serão equipadas com tecnologia moderna, poltronas confortáveis, projetores digitais de alto desempenho, som e imagem de qualidade. Desta forma, estarão aptas a receber filmes no dia do lançamento, como ocorre nas grandes cidades. O cinema nacional também se beneficia com o projeto, já que a população se identifica com os filmes brasileiros.

Para Manoel Rangel, diretor-presidente da ANCINE, “os 80 filmes brasileiros de longa-metragem nacionais que são produzidos a cada ano precisam ir ao encontro do público, sobretudo diante do crescimento da Classe C, que deseja consumir bens culturais. Precisamos levar sonho e cultura a mais brasileiros.”

Saiba mais sobre o Programa CINEMA PERTO DE VOCÊ: www.ancine.gov.br/cinemapertodevoce

Leia aqui o Passo-a-passo das emendas parlamentares e outras informações sobre o Projeto CINEMA DA CIDADE.

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Novos procedimentos vão melhorar qualidade das informações recolhidas e beneficiar projetos que usam mecanismos federais de incentivo

22/11/10 - Foi prorrogada até o dia 31 de janeiro de 2011 a consulta pública sobre a Instrução Normativa que regulamenta a elaboração, a apresentação e o acompanhamento de projetos de obras audiovisuais brasileiras de produção independente que utilizam mecanismos de incentivo fiscal, e revoga a IN 22.

O objetivo geral da nova IN é tornar os procedimentos de aprovação, acompanhamento e fiscalização de projetos pela ANCINE mais adequados às novas circunstâncias e modelos de negócio vigentes no setor, simplificando e aperfeiçoando a gestão dos mecanismos de incentivo usados pelos agentes econômicos do setor audiovisual.

Entre outras medidas, a minuta da nova IN estabelece que o procedimento de aprovação de um projeto para captação de recursos incentivados na ANCINE passa a ser constituído de duas etapas distintas: Habilitação e Análise Técnica. A minuta da Nova IN também propõe a liberação de recursos para fins específicos de Desenvolvimento de Projetos Audiovisuais.

Para participar da Consulta Pública, visite o Portal ANCINE ou clique aqui

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Unidades de São Paulo e Brasília oferecem serviços diversos, como registro de obras

22/11/10 - Em setembro a ANCINE inaugurou seu Escritório regional em São Paulo, com a presença do diretor-presidente Manoel Rangel e de representantes da inústria do cinema e do audiovisual. Base de representação institucional junto aos órgãos públicos e privados, o espaço oferece serviços para agentes do setor, como registro de obras e empresas, e orientações sobre editais de fomento e demais mecanismos de apoio, entre outras atividades. A equipe do escritório também está apta a realizar avaliações prévias de questões e documentação a serem analisadas pelo escritório central da Agência, no Rio de Janeiro. No mesmo dia entrou em funcionamento também o Escritório Regional da ANCINE em Brasília, cidade onde fica a sede da agência.

São Paulo - Rua Formosa 367, conjunto 2160, Centro, Vale do Anhangabaú 01049-911 - São Paulo/SP -
Tels.: (11) 3014-1400. escritorio.sp@ancine.gov.br

Brasília - SRTV Sul Conjunto E, Edifício Palácio do Rádio, Bloco I, Cobertura 70340-901 - Brasília/DF -
Tels.:(61) 3325-8776. escritorio.df@ancine.gov.br

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Norma da ANCINE vale para obras produzidas com recursos federais de renúncia fiscal

22/11/10 - A Deliberação nº 95 estabelece limitações e critérios à transferência de direitos patrimoniais e de direitos de exploração comercial de obras audiovisuais produzidas com recursos obtidos através de renúncia fiscal por meio dos mecanismos de fomento instituídos pela Lei 8.685/1993 e pela MP nº 2.228-1/2001.

Com a deliberação, as empresas produtoras proponentes passam a ter, no mínimo, percentual correspondente a partição dos seus direitos sobre a obra, independente do segmento de mercado e do território a ser explorado. As empresas emissoras ou programadoras também têm o direito de realizar a primeira escolha e a última recusa, enquanto perdurar o direito contratual de exploração comercial e de comunicação pública.

Consulte aqui a íntegra da deliberação.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Semana do Audiovisual de São Caetano

A Secretaria Municipal de Cultura de São Caetano do Sul, por meio da Coordenadoria Municipal de Juventude realizará de 22 a 25 de novembro, sempre às 19h30, a Semana do Audiovisual e a V Mostra das Oficinas de Cinema em Vídeo, no Centro de Referência da Juventude - Estação Jovem.

A Semana do Audiovisual tem o objetivo de incentivar a produção do audiovisual da região e o debate sobre o tema, através da troca de experiências entre palestrantes e público. A inscrição antecipada pode ser feita pelo telefone 4226-5720.


PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

22/11 (segunda) - Bate-papo: O Audiovisual na Região - Produção de Grupos e Coletivos
O Bate-papo tem o intuito de discutir ideias sobre o audiovisual na região do ABC, bem como a experiência dos grupos e coletivos na produção de curtas, vídeos e documentários, suas conquistas e dificuldades e como desenvolver atividades de produção e difusão do audiovisual nas cidades envolvidas.

Convidados: Angelo Szamszoryk, Diaulas Ulysses, Diego Urbaneja, Lexy Soares, Sérgio Pires, Vébis Junior e Alex Moleta (mediador)

23/11 (terça) - Bate-papo: O Audiovisual na Web - Produção de Baixo Orçamento
Nesta noite, será discutido o mercado do audiovisual na internet, suas especificações, seu público, sua produção e sua divulgação como forma de difundir e intensificar informações, dando foco para produções de baixo orçamento, como por exemplo: webfilm, websérie, vídeo minuto, vídeo celular e o vídeo cast.

Convidados: André Saito, Diego Franco, Marcelo Garcia e Alex Moleta (mediador)

24/11 (quarta) - Bate-papo: Cinema Brasileiro Hoje
Buscando mostrar um pouco da realidade do cinema brasileiro hoje os convidados dividirão suas experiências com o público, contando um pouco sobre as mudanças, conquistas e dificuldades enfrentadas na produção, no roteiro e principalmente na receptividade do público.

Convidados: Emerson Muzeli, Francis Vogner, Francisco Conte e Alex Moleta (mediador)

25/11 (quinta) - V Mostra das Oficinas de Cinema em Vídeo
Exibição dos curtas produzidos pelos alunos da oficina de Cinema em Vídeo, realizada pela Secretaria de Cultura de São Caetano do Sul, que contou com 4 módulos diferentes: roteiro, direção, produção e fotografia cinematográfica.


Local: Centro de Referência da Juventude - Estação Jovem - Rua Serafim Constantino, s/nº (em cima do terminal rodoviário Nicolau Delic) - Centro - São Caetano do Sul

Entrada: Gratuita

Morre Dino de Laurentis

Este ano está sendo o ano de partida de importantes pessoas do Cinema. Agora se vai Dino de Laurentis, produtor italiano de vasta e variada obra ("Arroz Amargo", "A bíblia", "Europa 51", "As bruxas", "Barbarella", "O ovo da serpente", "O ano do dragão", "Zona morta", "Na época do ragtime", "Conan, o bárbaro", "Flash Gordon", "Duna", "Serpico", "Os três dias do condor" - http://www.imdb.com/name/nm0209569/ ). Ganhador de dois Oscars pelos filmes com direção de Federico Fellini, "A estrada da vida (La estrada - 1954) " e "Noites de Cabíria (Le notti di Cabiria - 1957)".

Também produtor em colaboração com Carlo Ponti em muitos filmes, como “Guerra e paz", com direção de King Vidor. Com Audrey Hepburn e Henry Fonda, o mesmo filme também fazia notória sua habilidade de trazer às produções estrelas hollywoodianas.

Morre aos 91 anos, em Los Angeles, EUA, nesta quinta-feira, 11 de novembro de 2010.

sábado, 6 de novembro de 2010

MGM, Mumblecore e Monsters

MGM pede concordata. Sim, tá tudo bem no império cinematográfico, sempre esteve, sempre há de estar. Amém, amém, não se discute - ainda mais na hora dolorida em que não se quer falar muito e chorar sozinho no canto:

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2010/11/03/-estudio-mgm-pede-concordata-nos-eua.jhtm
http://economia.estadao.com.br/noticias/not_41854.htm
http://www.mmonline.com.br/noticias.mm?url=Estudio_MGM_pede_concordata
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/estudio-mgm-pede-concordata-nos-eua?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

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Mumblecore cai nas graças - mais um rótulo do que muito gente há muito tempo já faz, mas ninguém queria ver? Ou o bom e barato, que na verdade é a exploração criativa como se fossem migalhas de ouro, que multiplicando outras migahas, aí rola (não lembra você quando moleque, ajuntando um sacão de centavos pra comprar algo que uma simples nota de alto valor comprava)? "O que importa é a arte" - vamo vê:

http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2010/11/04/movimento-mumblecore-cai-nas-gracas-dos-grandes-estudios-chega-ao-brasil-com-estreia-de-cyrus-922947020.asp

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Monstro alienígenas com criatividade e baixo custo - e não é um remake de Spectreman ou ou mais Power Rangers no cinema:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/multimedia/2010/11/101102_filmemonsters_pai.shtml


(por ANG)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Diário de realizador no 6º Festival Internacional de Cinema em Super 8 de Curitiba

(por EDSON COSTA)

O Festival acontece, pra mim, de forma muito especial. Trabalhando como louco em produções da Corja Filmes, ele acontece num momento de respiro, avaliações dos processos e começo de planejamento dos rumos para o próximo ano, não só o individual como o da Corja toda.
Uma coisa eu posso afirmar: este Festival Curta 8 mudou, ou melhor, me fez crescer muito como artista, apreciador e realizador de Cinema.
A primeira coisa que me despertou é que o Filme que entrou no Festival, Ópera de Arame, é um trabalho pelo qual temos muito carinho e isso se deve prioritariamente ao processo dele como um todo, da ideia até ao filme pronto. Hoje tenho total percepção de que apenas iniciamos trajetória do fazer cinema, ainda estamos engatinhando.

Me programei para estar em todas as sessões e eventos do Festival. No primeiro dia, seria a sessão do nosso filme, onde eu estaria “sozinho”, pois as meninas Andréa, Luma e Norma chegariam no segundo dia. Posso até por fora parecer seguro e tudo mais, mas, por dentro, estava muito nervoso e aflito. Este filme já passou por festivais, dois eu até consegui acompanhar, mas este era especial, afinal é de Super 8. Não tinha ideia de que teríamos tanta gente, plateia cheia e muitos realizadores presentes. Dá pra contar nos dedos os que não estavam lá, mas mesmos estes mandaram cartas e manifestos para serem lidos no debate ou na apresentação de seus filmes.

Na apresentação do filme, convidei amigos de Curitiba pra me acompanhar, para me sentir mais seguro. Na apresentação, voz trêmula, mas aí já não é mais insegurança, já era emoção de ver o filme numa sala lotada, num Festival de Super 8, com realizadores, pesquisadores de cinema e uma plateia muito especial, onde todos foram assistir filmes em Super 8. O detalhe é que, no primeiro dia, muita gente ficou sem poder entrar na sala, pois estava lotada.

Quando fui pra Curitiba, não tinha noção da grandeza deste Festival, que não se resume em quantidade de filmes ou salas, mas sim na troca entre realizadores, das experiências, ou mesmo na experimentação do Super 8, que é o nosso caso.
Nos Festivais em que anteriormente estive presente com o filme, Mostra Campinas(2009) e Visões Periféricas-RJ (2009), não havia público nas sessões, nem mesmo conheci um outro realizador sequer. Um outro fato é que este filme teve poucas exibições, sendo uma delas a única com a Prefeitura de Santo André, com o prefeito que geriu a cidade até 2008. Depois, com o novo gestor da cidade, Aidan Ravin, as carreiras não só deste filme, mas de todos os produzidos nas gestões anteriores, foram barradas pela prefeitura para exibições da secretaria de cultura. Entramos num exílio artístico. Filmes nos quais foram gastos recursos públicos não são aproveitados como produtos da cultura andreense, um motivo de revolta e desconforto com esta gestão.

Voltando ao Curta 8, é difícil comentar os filmes, pois fiquei impressionadíssimo com inúmeros trabalhos, onde cada um dos filmes ali exibidos e debatidos tem o seu valor de experimentalismo, com grandes soluções “criativas e técnicas” para o Super 8. “Me sentia uma criança aprendendo a falar”, mas com um enorme conforto, pela acolhida dos outros realizadores.

No segundo dia, as meninas chegaram. Fomos almoçar com os produtores dos festival e outros realizadores. Saindo do restaurante, fomos ao Paço, que é um palacete muito belo, sentamos num café na praça, e não faltou assunto. Depois, Manuela e o Flávio nos levaram às ruínas e ao Largo da Ordem. Curitiba, que é linda e cheia de História.

Na sessão do Festival, novamente pessoas ficaram pra fora, mas consegui pegar ingressos para todos, menos para mim, problema que foi logo resolvido pela produção, esta sempre presente.

Na sessão, uma Mostra dos trabalhos de Cláudio Caldini, pesquisador da fotografia em todos os seus filmes, um grande artesão na exposição do negativo. Claro que só soube disso tudo depois de cochichar com a Andréa. Eu não estava conseguindo acompanhar a sessão, então ela me mostrou a linha de raciocínio e pesquisa. Logo e depois um debate com Caldini, tudo ficou claro na minha cabeça.

Depois, novamente os filmes de realizadores das sessões competitivas, estes além das Tomadas Únicas, e finalizados em DVD, também tínhamos os montados em película. O mais impressionante é que em todas as sessões éramos surpreendidos pela criatividade, técnica e a beleza dos Super 8, os “resultados” de cores, estilos, plasticidade, estética.

Os realizadores, tímidos no debate. Todo esse conjunto de sensações se resume na paixão dos realizadores que vemos pulsar na tela ou em conversas informais, daí já sem plateia. Passeios gastronômicos por lugares incríveis onde, mesmo falando pouco e inibido para abordar outros realizadores, ouvia mais do que falava.

Nesta mesma noite, fomos, depois de jantar, para um samba (as meninas foram dormir, pois tinham viajado muitas horas e estavam muito cansadas). Ficamos até o samba fechar, esticamos num bar chamado Gato Preto, não sei a localização, mas sei que é para onde vão as “putas” de seis zonas daquela região. O mais bacana de tudo isso, sobre os lugares onde fomos e para os quais quero voltar, é que todos se misturam, conversam, onde todos podem ser o que quiser, sem falsa hipocrisia. Uma delícia. Chegando no hotel entre 6 e 7 horas da manhã, lembrei que teríamos um jogo de futebol para o qual o Rafael (Diretor de Produção) me convidou e onde jogariam a equipe de produção do festival, realizadores, jurados e convidados.

Não acreditava que todos estariam de pé, dormindo apenas 3hs, mas tive que acreditar. O Rafael me acordou, tentei disfarçar que já havia acordado, mas claro que ele não caiu! Então, vamos lá: futebol!

Não jogava bola desde o ginásio, há uns 20 anos? Nem sei, mas tudo bem, é chutar pra frente e ter sorte de acertar o gol. Os times foram formados onde disputariam Brasileiros e um outro time misto que classificaríamos como Argentinos. A maior partida de futebol que já joguei, com um valor histórico, onde entre os argentinos estavam Claudio Caldini, Andrés di Tella, e o Argentino campineiro Lucas Vega. Não posso deixar de comentar que os melhores e mais belos gols foram feitos por duas mulheres em cima dos goleiros argentinos. Lila Foster fez gol em Lucas, num gol de cobertura, abrindo o placar, e Manuela Martins cobrou um pênalti belíssimo em cima de Caldini, fechando o placar. Os Brasileiros ganharam por 9 X 7 em cima dos Argentinos, mesmo depois de muitas trocas por reforços para o time argentino.

Depois da partida, corri para encontrar as meninas e aproveitar um pouco a cidade antes das últimas sessões. Voltando às pressas, chegamos à sessão do Home Movie Day (dia dos filmes domésticos), onde teríamos um filme que o pai da Andréa Iseki gravou quando ela tinha uns 4 anos. Na noite anterior à chegada das meninas em Curitiba, liguei para a Andréa trazer os filmes que ela tinha de Super 8, pois teria uma mostra de filmes domésticos no fim da tarde de domingo, no último dia do Festival, e ela poderia trazer o material para verem se ele estava em bom estado de conservação. Ela deu inúmeras desculpas para não trazer os filmes, que os filmes estavam com fungos, em decomposição, que poderiam pegar fogo... E quando ela me falava uma coisa, eu ia na organizadora da Mostra (Lila) e ela respondia “mas tem que trazer, pois vamos inspecionar e avaliar o estado do filme. Uma coisa é certa, se existir risco, apenas não exibiremos, simples assim, mas temos que ver o filme para poder saber”. Ótimo! Não tínhamos motivos a temer, assim a Andréa venceu a timidez e entregou o filme à Lilá, pedindo para não falar sobre o filme, mesmo porque ela nem sabia o que tinha ali filmado.

O filme que a Andréa trouxe foi o primeiro a ser exibido. Eles, durante o teste, viram o filme e deram até um nome para apresentá-lo: “Festa de Socorro”. Era uma festa junina na cidade de Socorro, no interior de São Paulo, onde não havia nenhum dano de conservação do filme, e a Andréa apareceu duas vezes em frente a câmera, e ela me cochichava durante a sessão. Entre os comentários estava: “Nossa, ele era um grande fotógrafo, não perdeu o foco nenhuma vez, tinha muita noção de luz e operação de câmera”. Depois deste filme, tivemos vários outros, estes comentados durante a exibição pelos donos que herdaram ou pelos realizadores, algo que agregou muitos valores emocionais e históricos aos filmes exibidos. A Andréa disse no fim da sessão: “se soubesse que era assim, teria entregado todos os filmes que tenho pra exibir.” Ela tinha mais 18 rolos.

Esta sessão foi uma das melhores, pois ficou explícito como os registros de Super 8, dos então rotulados “filmes amadores ou domésticos”, têm um domínio de fotografia, direção e estética, que se deve apenas pela intimidade e paixão pelas câmeras. Algo ainda distante de nós iniciantes, alunos e jovens cineastas.
A premiação da mostra competitiva não poderia ser mais justa, fiquei muito satisfeito com os resultados, onde não ganhamos nenhum prêmio dos jurados ou juri popular, mas ganhei inúmeros prêmios dos colegas realizadores, com quem trocamos experiências de processos e que me presentearam com o contato com seus filmes. Volto de Curitiba impressionado com a produção local do Paraná, entre os jovens talentos e o conhecimento de cineastas como Cyro Matoso e Celso Lück Junior, também paranaenses, além dos realizadores de super 8 que estão pelo Brasil. Não podendo deixar de registrar o aprendizado com o argentino Claúdio Caldini, e os filmes estrangeiros que também eram incríveis. As conversas com o projecionista, grande pensador e amante de cinema, Lucas Vega, conversas entre Lila Foster, Rubens Machado Jr., Leandro Bossay, Rafael Urban, Carlos Magno e as confidências trocadas com Manuela.

Volto a São Paulo com o desejo e o impulso de reformar as câmeras de Super 8, projetores dos meus amigos e fazer novos filmes, aplicando todo aprendizado que ganhei neste Festival dos outros realizadores.

Torço para que este Festival continue existindo por muito tempo, pois estar nele foi uma das melhores experiências que tive desde que faço cinema. E o que eu puder fazer para que isso aconteça, eu o farei, e como o Leandro Bossay (coordenador e curador) disse: Isso só é possível com os realizadores fazendo seus filmes. Então façam mais filmes!